domingo, julho 8




há uma razão pela qual anseio sempre voltar a esta cidade. quando cheguei não havia mais do que um nada. deixei os segredos espalhados no pó da calçada. corro. fujo da espera. do sossego. já senti o calor mais delicado a jorrar-me a pele e quando a noite chegou sempre me escondi boemiamente pelos desvios que todos desconhecemos e ansiamos ensaiar. o primeiro voo foi o menos intenso. depois veio o bom. depois o muito bom. já chorei o rio que me afoga o corpo. já perdi as estribeiras. já senti a chuva nos pés. e magoei muita gente que por mim passou. mas o que mais amo nesta cidade é quando dois mundos colidem à toa e algo acontece. a sensação da chegada. é o lado indomável da vida que nos transporta. é o brilho nos olhos. é a única coisa que existe daí em diante. há uma razão porque anseio sempre voltar a esta cidade. a esta cidade e o poder das suas estradas sobre as almas.